O desempenho dos
vereadores da Câmara Municipal de São Paulo foi considerado ruim em estudo apresentado nesta quinta-feira pela ONG Voto Consciente, que apresentou uma avaliação sobre cada um dos parlamentares. Durante divulgação do levantamento na Câmara, o vereador Agnaldo Timóteo (PR) se irritou com sua colocação e chamou o estudo de "parcial e desonesto".
De acordo com o levantamento, apenas 20 dos 55 parlamentares registraram desempenho médio acima de seis. Para que a ONG fizesse o ranking dos melhores vereadores, foram considerados sete critérios, como fidelidade partidária, qualidade dos projetos de lei apresentados e freqüência nas comissões.
Os poucos projetos sancionados pela atual legislatura chamaram a atenção da ONG. Segundo a a organização, dos 2.021 projetos apresentados pelos vereadores, apenas 781 foram aprovados.
Destes, 310 foram considerados importantes pelo Voto Consciente. "Os outros foram nomes de rua, fixação de datas comemorativas e homenagens", afirmou a coordenadora do estudo, Sônia Barboza.
Ainda de acordo com a ONG, 127 propostas foram consideradas inconstitucionais e vetadas pelo prefeito depois de ter passado por todo o processo de tramitação. O valor médio gasto em cada projeto durante esse processo é de R$ 738 mil, segundo o Voto Consciente.
"Uma perda de tempo. São 127 projetos que não poderiam estar tramitando porque já nasceram inconstitucionais", Afirmou Sônia.
Dos 55 vereadores, 52 tentam se reeleger. Na última campanha, a taxa de reeleição foi de 53%. Segundo Sônia, é preciso renovar a Casa. "Eu preferia que renovasse mais de 60% porque há muitos que estão aqui há muito tempo. A renovação é sempre boa", disse.
Agnaldo Timóteo
Único vereador a acompanhar a apresentação do estudo, o cantor Agnaldo Timóteo reclamou, exaltado, de sua colocação no levantamento. Ele ficou na 36ª posição, com 4,7 pontos de média em uma escala de zero a dez. Sua nota foi rebaixada porque ele tirou zero no quesito "coerência", quando os projetos de lei apresentados pelo candidato não estão de acordo com suas promessas.
Dizendo-se "discriminado", ele tomou o microfone para reclamar do estudo. Depois de se defender, saiu do plenário aos gritos. Para a Folha Online ele disse que a pesquisa é um absurdo.
"Sou presente, não falto às sessões, voto tudo, estou nas minhas comissões e me chamam de incoerente. Um homem como eu, que vive levando porrada há 57 anos pela vida. Vá procurar o que fazer", disse. "Incoerentes são eles, que são metidos a esquerdistas."
Ele disse que sua colocação na pesquisa não deve prejudicá-lo nestas eleições. "Quem me conhece sabe como eu sou, que tenho coragem e dignidade."