terça-feira, 17 de julho de 2012

Câmara debate discriminação racial


A Comissão de Direitos Humanos da Câmara antecipou a comemoração da Abolição da Escravatura — em 13 de maio — realizando nesta quinta-feira (dia 12) um debate sobre a discriminação racial no Brasil. No evento, foram discutidos principalmente o papel do negro na sociedade e a promoção de igualdade social através de políticas públicas.
A deputada estadual Leci Brandão (PCdoB), que compareceu ao encontro a convite do vereador Jamil Murad (PCdoB), afirmou que há anos a sociedade brasileira discute a questão racial apenas em maio e novembro (data em que se comemora o Dia da Consciência Negra). Apesar disso, segundo ela, aos poucos a situação dos negros está mudando no país.
“As políticas públicas são realizadas, mesmo que lentamente. A lei que obriga as escolas a ensinarem a história da África ainda não é cumprida, muitos dizem que os professores não estão preparados, mas eu acredito que exista falta de vontade também”, afirmou.
O sistema de cotas na educação, que reserva vagas a afro-descendentes, alunos de escolas públicas e indígenas em diferentes universidades do Brasil, também foi tema de discussão no debate. Segundo Edna Roland, coordenadora municipal de Igualdade Racial de Guarulhos e relatora geral da Conferência Mundial contra o racismo, “até 2001 o Brasil não tinha nenhuma preocupação em aumentar o acesso dos negros ao ensino superior, e hoje já são milhares de jovens estudando”.
Edna criticou, porém, a postura dos afro-descendentes, que utilizam o sistema de cotas justamente para ingressar em cursos menos concorridos, e nos quais já costumavam estudar. Segundo ela, as carreiras mais disputadas, como medicina, tem sobra de vagas para cotistas.
“Isso é fruto da internalização do racismo. Essas barreiras não são imaginárias. O mecanismo mais eficiente do racismo é fazer o próprio negro acreditar que ele não é capaz. Isso acontece há séculos no Brasil”, disse a coordenadora.
Para o vereador Netinho de Paula (PCdoB), o ingresso de mais negros no ensino superior é o que pode unir essa parcela da população. “Nós (os negros) estamos estudando mais e tendo mais oportunidades de trabalho”. Segundo ele, é natural que ocorra também uma maior mobilização do movimento negro, que leva a escolhas políticas.
“Sou o negro mais votado do Brasil e tenho muito orgulho de não ter recebido votos só de negros”, disse Netinho, referindo-se à sua candidatura ao Senado em 2010.
Entretanto, para Agnaldo Timóteo (PR), a pouca presença de negros no Poder Legislativo indica uma falta de orgulho dos afro-descendentes. “Precisamos acreditar mais em nós mesmos”, disse o parlamentar. Leci Brandão lembrou que é a segunda mulher negra a entrar na Assembleia Legislativa de São Paulo.

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