sexta-feira, 13 de julho de 2012

COMISSÃO DA VERDADE OUVE PRIMEIROS RELATOS SOBRE TORTURAS



A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo ouviu nesta quinta-feira os primeiros depoimentos de pessoas torturadas durante o regime militar. Foram ouvidos o vereador Gilberto Natalini (PV) e o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Ivan Seixas.

Segundo o presidente do colegiado, vereador Ítalo Cardoso (PT), as informações fornecidas por Natalini e Seixas ajudarão na produção de um relatório que, ao final dos trabalhos da comissão, ajudará no "pedido de providências à Justiça, ao Ministério Público e à sociedade" sobre atos cometidos durante a ditadura. "Tivemos hoje apenas os primeiros depoimentos de muitos que com certeza virão", comentou.

Natalini, em seu relato, contou das torturas que sofreu pelo fato de estar ligado a outros jovens que produziam publicações pró-democracia. Uma das modalidades de agressão envolvia choque nas orelhas, o que lhe prejudicou a audição e chegou a causar o descolamento da mucosa da boca, tamanha a força da corrente elétrica.

O vereador propôs que a Comissão da Verdade chame para depor não apenas vítimas do regime, mas também militares acusados de envolvimento em episódios de tortura e assassinato, como o coronel Brilhante Ustra.

Já o presidente do Condepe, Ivan Seixas, lembrou que seu caso foi um os mais denunciados no exterior por se tratar de um "menor torturado, que teve o pai assassinado e que foi levado a um hospício-prisão" em Taubaté — ele tinha à época 16 anos. "Minha história foi denunciada pela Anistia Internacional e por Parlamentos de vários países, mas a ditadura ignorou todas as denúncias", comentou.

Membro da Comissão da Verdade, o vereador Agnaldo Timóteo (PR) questionou alguns pontos dos depoimentos de Natalini e Seixas e manifestou sua posição sobre o regime militar. "Não podemos ser impiedosos com aqueles que conduziram a ditadura no Brasil. É necessário respeitar também o outro lado", disse.

Ítalo Cardoso destacou que os divergentes pontos de vista sobre o período vivido pelos brasileiros não podem afastar a Comissão de seu principal objetivo, que é investigar as violações aos direitos humanos ocorridas em São Paulo.

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